Chegamos a casa e encontramos uma Coral ansiosa por novidades e neste momento acompanhada de Georg e Gustav que haviam ido para lá mal souberam do sucedido.
Contamos tudo e eles fazem uma enorme festa a Bill. Que fica todo babado por receber tantos mimos. Acabem por ficar para jantar connosco e é Tom quem cozinha. Está muito bem-disposto.
No meio do seu cozinhado e enquanto coloco a mesa ouço-o cantarolar na cozinha. Está feliz. É bom vê-lo assim.
No fim do jantar Andreas aparece cá em casa com Sarah, os dois namoram e parecem estar muito felizes. Ficamos na conversa até altas horas da noite e vou pensando no que fazer para poder continuar a viver cá.
Decididamente tenho de arranjar um emprego…
Nem que não seja na área do meu curso…
A minha conclusão no final da noite e depois de muito pensar. Coral tem de ir ao consulado belga pedir visto de turista, que lhe permite ficar 3 meses cá, e diz que depois se decidir ficar mais tempo arranja-se. Diz também que pretende arranjar um emprego em qualquer coisa.
Êlo não apareceu. Gustav diz que ela foi passar uns dias a França com os pais e que não teve tempo de avisar porque foi decidido em cima da hora. Porque é ele o único a ter conhecimento disso, não quis explicar. Mas a meio da noite recebeu um telefonema que o fez ir para a varanda para não ser ouvido.
Georg, esse, passou a noite com um olho no telemóvel a escrever mensagens. Como se eu não soubesse para quem.
- Georg, podes dizer à Caty que pode vir para cá. Está bem?
- Ah? Caty? Eu…Eu não…
- Não tentes disfarçar o óbvio e diz-lhe. Para eu não ter de lhe telefonar. Manda beijinhos de todos. – digo-lhe a rir-me.
- Oh…Está bem. – dá-se por vencido.
Poucos minutos depois decidem ir todos embora. Gustav aproveita a boleia de Georg e Andreas tem de ir levar Sarah a casa. Saem todos e ficamos novamente os quatro sozinhos. Decidimos ir dormir e Tom oferece-se para me levar ao consulado no dia seguinte, para pedir um prazo mais alargado para arranjar trabalho.
No dia seguinte de manhã acordo, arranjo-me, e dando um beijo na face de Bill saio para a cozinha onde Tom já se encontra a tomar pequeno-almoço. Coral chega pouco depois. Decidiu aproveitar a boleia para ir ao consulado belga.
Tom deixa-me na porta do consulado português e depois vai levar Coral. Entro e resolvo todos o que tenho para resolver.
Cerca de meia hora depois saio, fico na entrada à espera de Tom. Vou vendo carros a passar e algumas pessoas apressadas para os seus trabalhos, ou simplesmente a passear.
- Chris! Olá!
81º Capitulo
Olho para o meu lado esquerdo, aquela voz em inglês soa-me familiar. Quando viro a cabeça dou com Hanah a aproximar-se de mim.
- Olá, Hanah!
Cumprimentámo-nos. Não a esperava encontrar ali. A maneira como sai do quarto de Joshua ontem não foi a melhor.
- Está tudo bem? Ontem ficaste muito estranha.
- Estou bem. Desculpe, de repente lembrei-me que o meu namorado já estaria de volta ao quarto e ia estranhar não estar lá ninguém.
- Está bem. Eu moro ali. – aponta-me um prédio no fundo da rua - Vim buscar algumas coisas para o Josh. – mostra-me a saca verde que leva na mão.
Ficamos a conversar mais um pouco. Ela parece triste. Tem um ar cansado e desleixado. Observo-a durante alguns segundos.
- Está tudo bem? Não me parece bem.
- É só um pequenino problema que tenho de resolver.
- Se eu puder ajudar…
- Não querida. Ninguém pode. O meu Joshua tem de fazer um transplante, mas a operação é muito cara. Não tenho dinheiro para tal. Os médicos dizem que sem isso ele pode morrer. – começa a chorar.
Abraço-a com força. Aquela história soa-me tão real, tão verdadeira. Transporta-me para tempos que não quero recordar.
*Flashback*
- Precisa de um transplante de medula.
- Mas é muito caro?
- Lamento dizer-lhe que sim.
- Quais são as alternativas?
- Infelizmente não existem alternativas. Ou é o transplante ou a morte.
- Mas…Mas quanto tempo demoraria o transplante a ser feito se eu tivesse o dinheiro?
- Seria preciso encontrar um doador. Isso nunca se sabe quanto tempo demora. Nem a senhora nem o seu marido são compatíveis. A sua filha é. Mas ela ainda é menor. Não a podemos aceitar como doadora.
*End of Flashback*
De repente uma ideia surge na minha mente. Afasto-a um pouco e olho-a nos olhos. Sorrio-lhe.
- Vou tentar ajudá-la. Não desespere. Agora vou ter de ir. – o Cadillac de Tom apita atrás de mim.