quinta-feira, 30 de outubro de 2008

É Segredo... (66º e 67º Capitulos)


66º Capitulo

Pego numa jarra que a porteira havia colocado no meio do hall e aproximo-me da porta. Espreito para dentro.

- Chris!!

- Amor!!!

- Bill? Tom? Já? – fico estática na porta, não me tinham avisado que chegariam já.

Cumprimento-os quando finalmente absorvo o choque. Vou pousar a jarra no seu lugar e sento-me no sofá para que me contem tudo da tour.
Falam-me do concerto em Portugal, dizem que adoraram e que as fãs portuguesas são um máximo. Continuam a contar-me todas a peripécias e percalços dos seus concertos e das entrevistas. E de como o facto de Tom ter agradecido a uma “mana” nos COMET continua a ser tema para perguntas nas entrevistas.
Depois de tanta conversa vão os dois para os respectivos quartos para descansarem da viagem. Fico na sala a ver televisão e por vezes vou até à varanda olhar para o céu.

O Tom não perguntou pela Coral.
Já deve ter percebido que ela voltou para casa.

Observo as nuvens que se passeiam vagarosamente no céu, marcando o avançar do tempo. Imagino que Coral já esteja em casa. Ela disse-me que a sua casa é a cinco minutos do aeroporto e que os seus pais estariam à sua espera no aeroporto para a levarem.
Sinto um aperto no peito e sento-me numa das cadeiras que por ali se encontram.

Que aflição.
Parece que algo mau vai acontecer.

Não dou importância e volto para dentro. Ouço um telemóvel tocar, é o de Bill, que se encontra pousado sobre a mesa da sala. Dirijo-me a ele e vejo no visor que se trata de David. Atendo.

- Boa tarde, David.

- Ah! Boa tarde, Chris. O Bill?

- Está a dormir. Ele e o Tom vinham cansados e foram dormir um pouco.

- Ah, ok. Como o Saki ainda não chegou aqui não sabia se eles tinham chegado bem. Saki deve ter apanhado trânsito na volta. Ainda bem que eles já estão aí. Bem… Adeus!

- Adeus, David.

Desligo o telemóvel e volto a colocá-lo sobre a mesa. Com o toque do telemóvel Tom acordara e encontra-se agora na entrada da sala a olhar para mim.

- Quem era?

- O David. Para saber se vocês chegaram bem.

- Ok. Vou dormir outra vez. – diz com um sorriso pateta.

Vira-me as costas e prepara-se para voltar para o quarto. Mas nesse preciso momento o seu telemóvel começa a tocar. Ele pega nele de cima da mesa e olha para o visor. O seu anterior sorriso desvanece-se.

- Quem é Tom?


67º Capitulo

Ele volta a olhar para o visor e engole em seco. Abano-o e tiro-lhe o telemóvel das mãos. Olho eu para o visor.

- É a Coral. Atende! – estendo-lhe o telemóvel que ele agarra com a mão a tremer.

Pensa um pouco e finalmente carrega no botão para atender. Põe o telemóvel no ouvido.

- Coral?

- Tom…Ajuda-me…

Ouço a voz de Coral do outro lado da linha, seguidamente a chamada cai e Tom retira o telemóvel do ouvido ficando a olhá-lo atónito.

- A chamada caiu. Ela pediu ajuda. – cai no chão ficando encostado na ombreira da porta – O que é que eu faço?

- Eu vou ligar para casa dela. Ela deixou-me o número.

Tiro o telemóvel do bolso e procuro o número de casa dela na agenda. Finalmente encontro-o e faço a chamada. Quem me atende é a mãe, falo-lhe em francês, tenho alguns conhecimentos da língua aprendidos na escola. A senhora de voz amável diz-me que Coral tinha passado por casa para deixar as malas e tinha ido visitar o namorado. Isto à três horas atrás.
Desligo o telemóvel despedindo-me da senhora. Olho para Tom que continua sentado no chão com a cabeça entre os joelhos, mas que ao perceber que desligo o telemóvel ergue a cabeça e me fita com olhar interrogativo.

- Ela saiu de casa à três horas atrás para ir visitar o namorado. Ouviste mais alguma coisa no telefonema?

- Acho que ouvi uma voz masculina a dizer algo como “larga já isso” depois a chamada caiu. O que fazemos?

- Vai acordar o Bill. Eu vou ligar ao Saki.

- Ligar ao Saki? Para quê? – pergunta-me enquanto, apoiado na porta, se levanta do chão.
- Vamos para a Bélgica!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

É Segredo... (64º e 65º Capitulos)


64º Capitulo

Chegamos à discoteca e sentamo-nos numa mesa na zona VIP. Apesar de nós não o sermos Andreas fez questão de ir para lá, porque é primo do dono.
A Coral vai pedir bebidas ao balcão. Enquanto eu, Êlo e Andreas ficamos a conversar. Andreas fica sentado ao meu lado na mesa. A sua proximidade começa a incomodar-me. Coral volta e convido-a para dançar.
Vamos as duas para a pista e começamos a mexer-nos ao som da música. A música é bastante sensual e nós acompanhamos o seu ritmo. Alguns rapazes param de dançar para ficar a observar-nos. Cansada de apenas nos ver Êlo junta-se a nós e deixa Andreas especado sozinho na mesa.
Olho pelo canto do olho e reparo que ele nos observa. Depois levanta-se e vem na nossa direcção. Os rapazes tinham recomeçado a dançar e já não nos prestavam atenção.

- Posso roubá-la? – pergunta Andreas às outras duas, referindo-se a mim.

Puxa-me para o lado e começa a dançar comigo. Mantenho-me afastada dele mas ele aproxima-se. A cada passo que ele dá em frente, eu recuo. Depois coloca as mãos na minha cintura e aproxima a sua cabeça da minha.

- E se eu te beijasse agora? – sussura junto da minha cara.

- Se tu me beijasses? Provavelmente ficavas com um caminhar novo. Mas tu não queres isso pois não?

- Dá-me uma boa razão para eu não o fazer…

- Até te dou mais…Primeiro, eu sou namorada do teu melhor amigo. Segundo, eu não quero nada contigo. Terceiro, se me tocas…Passas a maior vergonha da tua vida aqui. Satisfeito?

Ele olha-me e afasta-se. Pondera as suas próximas palavras. Finalmente fala.

- Tu não tinhas força par me atacar… - diz com ar de gozo.

- Queres experimentar? É só dizeres. Rapazes como tu eu como ao pequeno-almoço. Não me faças perder tempo nem paciência.

Afasto-me dele e recomeço a dançar com as raparigas. Ele afasta-se e volta para a mesa. Senta-se e cruza os braços, acenando depois a uma empregada para lhe levar uma nova bebida.

- Foi impressão minha ou ele estava a atirar-se a ti? – pergunta-me Coral.

- Não foi impressão tua. Mas ele não volta a repetir.

Continuamos a dançar de forma provocadora até que o cansaço foi mais forte e decidimos ir embora. Andreas já está um pouco alegre, por isso levo eu o carro. Deixo-o em sua casa e digo-lhe para ir buscar o carro na manhã seguinte.

No dia seguinte acordo cedo. Levanto-me e arranjo-me. Passo pela sala e pego na chave de casa. Saindo em seguida.

O Bill não ligou…
Maldita diferença horária…


Dirijo-me para a padaria. Mas pelo meio do caminho ouço música. Pelo beat é hip hop. Não resisto e sigo o som, encontrando um pequeno círculo no meio de um parque ali perto. Aproximo-me e fico a ver os rapazes e raparigas a dançar. B-Boys e B-Girls, excelentes. Fico um pouco a observá-los. Sinto saudades da dança.

- Gostas de hip hop?




65º Capitulo

Olho na direcção da voz que se dirige a mim em inglês. Na minha frente tenho uma rapariga da minha altura, magra, cabelos loiros encaracolados e olhos verdes. Sorri-me amavelmente.

- Sim, gosto. Sou a Chris. – apresento-me – Tu és?

- Sou a Sarah. Sou inglesa, cheguei à pouco tempo cá. Mudei-me com os meus pais.

- Eu também não sou alemã. Sou portuguesa. Vim morar com uns amigos.

- Fixe! Estudas cá na cidade? Eu estou a estudar medicina.

- Eu estudo economia aqui também.

Ficamos a observar a apresentação daquele grupo durante algum tempo enquanto conversamos e nos conhecemos melhor. Acabamos por nos sentar num banco do parque quando a actuação acaba. A meio da conversa somos interrompidas.
Olho para o lado e vejo Andreas com um grande sorriso ao meu lado em pé.

- Olá! – saúda-nos.

- Olá. Andreas esta é a Sarah. Sarah este é o Andreas.

Eles cumprimentam-se e Andreas senta-se ao nosso lado no banco. Entrego a chave do carro a Andreas. Ainda não a havia tirado da minha mala. Depois despeço-me deles para finalmente cumprir o objectivo que me levara a sair de casa, comprar pão.
Passo na padaria e compro-o, seguindo depois para casa. Olho para o parque e Andreas e Sarah continuam a conversar. Encolho os ombros e sigo o meu caminho perdida nos meus pensamentos que são subitamente interrompidos pelo tocar do meu telemóvel.
Atendo sem sequer ver quem é. Mas é Bill. Conversámos um pouco e conto-lhe a minha saída na noite anterior, omitindo-lhe o sucedido com Andreas, não vale a pena pensar mais no assunto. Cerca de 10 minutos depois desligamos a chamada e entro, finalmente, em casa.
Coral está sentada no sofá a ver televisão. Já está arranjada e vira instintivamente a cabeça para a porta mal me ouve abri-la.

- Por onde andaste?

- Fui comprar pão. A Êlo?

- Está no quarto a arranjar-se. Ela demora uma eternidade.

Vamos para a cozinha preparar pequeno-almoço e entretanto Êlo junta-se a nós. À tarde preparamos uma sessão de estudo, pois os exames estão mesmo a começar.

Passa-se cerca de um mês, os exames já acabaram e a Coral tem a passagem comprada para a Bélgica. Vai embora antes dos rapazes voltarem, não pode estar mais aqui, o visto de estudante não o permite e eu tenho de tratar de mudar o meu visto para poder continuar cá.
Eu e Êlo levamo-la ao aeroporto e pelo meio de muitas lágrimas despedimo-nos dela. As despedidas são sempre difíceis. Ficamos a vê-la dirigir-se para o avião e levantar voo, afastando-se nos céus.
Vamos embora e deixo Êlo em sua casa, dirigindo-me de seguida sozinha para casa. A viagem é curta e faço-a ao som da música que vai passando na rádio, tentando esquecer que ficarei sozinha em casa até Bill e Tom voltarem.Chego a casa e estaciono o carro subindo depois as escadas enquanto procuro a chave da entrada. Quando subo o último degrau já estendendo a mão com a chave para a fechadura, deparo-me com a porta aberta e muito barulho vindo de dentro da casa.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

É Segredo... (63º Capitulo)


63º Capitulo

- E que convite é esse? – pergunto desconfiada.

- Queres vir à discoteca do meu primo?

- Pode ser. Se as meninas quiserem ir. Vou perguntar-lhes.

Ele franze o olho e fica a ver-me afastar-me para o corredor dos quartos. Volto alguns minutos depois.

- Elas dizem que vão. Espera aí enquanto nos arranjamos.

Ele senta-se no sofá e faz zapping na televisão. Eu volto para o quarto para me arranjar e telefono para Bill.
Ele não atende, toca toca toca e nada. Decido ligar para Tom, este atende ao fim de quatro toques. Vem bem disposto.

- Bom dia minha flor!

- Boa noite Tom. O teu irmão?

- A fazer umas fotos. Sabes como é. Sempre o mais concorrido…

- Diz-lhe para me ligar quando puder. Vou sair com as meninas e com o Andreas.

- Com o Andreas? Ele está aí?

- Sim. Veio convidar-nos para ir à discoteca do primo.

- OK. Eu aviso o Bill. Beijo.

- Beijo Tom!

Desligo o telemóvel e vejo-me no espelho. Dou mais um jeito no cabelo e passo o gloss transparente nos lábios.

Estás pronta…

Saio do quarto e vejo a porta do outro ainda fechada. Bato devagar e ouço mandarem entrar. As meninas estão ambas em frente ao espelho e pintar os olhos. Sento-me na beira da cama a olhá-las.

- Não achas estranho o convite do Andreas? Ele nunca tinha vindo cá quando os rapazes não estão. – pergunta-me Êlo vendo-me através do meu reflexo no espelho.

- Não acho muito normal. Mas estamos a precisar de descontrair do stress dos exames. Por isso vamos lá. – respondo-lhe encolhendo os ombros.

Ela e Coral encolhem também os ombros. Acabam de se arranjar e pagam nas carteiras. Saímos as três do quarto e vamos para a sala onde Andreas nos espera sentado no sofá.

- Tanta menina bonita! – ri-se ao olhar-nos.

Levanta-se e desliga a televisão, dirige-se depois à porta que abre afastando-se para nos deixar passar. Saímos e ele fecha a porta atrás de si. Descemos para a rua onde ele deixou o seu carro. Ele coloca um braço por cima dos meus ombros.

- Estás muito bonita. – diz-me.
- Pois… Mas o teu bracinho está a mais… - respondo-lhe retirando o seu braço de cima dos meus ombros.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

É Segredo... (62º Capitulo)


62º Capitulo

Do bolso tiro um pequeno canivete que silenciosamente encosto no seu pescoço, fazendo-o sentir o metal frio roçar a pele.
Com a outra mão pego no saco.

- Eu sei que arranjaste isto à Élodie. Mas não o vais voltar a fazer, pois não? Nem a ela, nem a ninguém. Vou estar de olho em cima de ti. Se eu sonhar que o voltas a fazer, arrependeste amargamente. Tu não me conheces, não sabes do que sou capaz.

- Eu não volto a fazê-lo…Eu juro…

Passo a lâmina afiada pelo seu rosto. Fazendo-o olhá-la com receio. Vejo várias gotas de suor formarem-se na sua testa e escorrerem. Ele está nervoso.

- Para teu próprio bem…Espero que cumpras o que prometes.

Afasto-me e empurro-o para longe de mim. Ele foge a correr daquele local enquanto eu guardo o canivete novamente no bolso e o saco com as anfetaminas.

Tenho de me livrar de vocês…

Penso olhando para os comprimidos. Volto para dentro da biblioteca onde as meninas me esperam. Alexander esse já não se encontra na biblioteca. O seu lugar está desocupado.
Ficamos as três a estudar mais umas horas e depois voltamos para casa. Mal entro vou à casa de banho onde despejo o saco na sanita descarregando o autoclismo logo a seguir. Vejo os comprimidos irem pelo cano abaixo e sorrio.

Missão cumprida…

Bill liga-me praticamente todos os dias, por vezes está demasiado ocupado e acaba por ser Tom quem liga a dará novidades e a mandar beijinhos por vez do irmão.
Não pergunta por Coral, tenta que esse seja um assunto encerrado. É o que faz agora ao ligar-me. Mas ao ouvir a voz dela a falar para mim da cozinha, não consegue evitar perguntar-me se ela está bem. Bastaria um estalar de dedos dela para ele ir a correr para os seus braços.

Por vezes ouço Coral falar em francês dentro do quarto, pela conversa está a falar com o namorado e não com os pais. Agora ouço-a numa conversa muito melosa no telemóvel. Certamente é ele.
Fico parada no meio do corredor a pensar em como gostava que ela e o Tom pudessem ficar juntos. Pela primeira vez apaixonou-se e sofreu um desgosto.

Mereces ser feliz, maninho…

O toque da campainha acorda-me dos meus pensamentos. Franzo o sobrolho. Não espero visitas e ambas as meninas estão em casa. Coral no quarto e Êlo a tomar banho.
Dirijo-me à porta e abro um pouco, vejo Andreas do outro lado a sorrir para mim.

- Olá. Os rapazes ainda não voltaram. Estão nos Estados Unidos. – digo-lhe admirada com a sua visita.
- Eu não vim ter com eles. Eu sei que eles estão fora. Vim fazer-te um convite a ti!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

É Segredo... (61º Capitulo)


61º Capitulo

Saímos todos para o corredor com as malas. As despedidas têm de ser feitas ali, não podemos ser vistos na entrada do hotel juntos. Despedimo-nos todos com beijos e abraços e, claro, muitas lágrimas. Caty abraça-se a mim a chorar.

- Vou ficar sem ti outra vez…

- Não vais nada. Falta um mês para ficares de férias. Depois voltas para a Alemanha outra vez. Combinado?

Ela abre um grande sorriso e acena que sim com a cabeça. Depois Georg aproxima-se dela e noto que no meio do abraço lhe sussurra coisas no ouvido que a fazem sorrir.
Tom ignora Coral, evitando despedir-se dela. Mas esta aproxima-se dele e, pondo-se em bicos de pés, dá-lhe um beijo na face.

- Adeus Tom. Até um dia. Quando voltares já não estarei na Alemanha.

Ele não responde, apenas a olha e a vê afastar-se aos poucos. Vamos sair do hotel primeiro que eles.

Saímos do hotel onde na entrada uma carrinha preta nos espera para nos levar ao aeroporto. Caty entra num táxi que se encontra parado logo atrás da carrinha e antes de entrar nela vemo-la partir e desaparecer no emaranhado das ruas de Lisboa. Entramos na carrinha e olhamos o hotel uma última vez. Só iremos ver os rapazes daqui a três semanas. Eles voltam novamente para os Estados Unidos e regressam à Alemanha depois de terem dado o concerto do Pavilhão Atlântico. O concerto pelo qual tantas fãs portuguesas esperam. Bill já me prometeu um grande espectáculo. Não irei pois terei o último exame da universidade nesse dia.
Voltamos para casa. Sim, para casa. Para nós a Alemanha é agora a nossa casa. Coral, bem, ela terá de voltar para a Bélgica, mas pensou que ela também sente o mesmo que eu e Êlo.
Êlo vai para Magdeburgo para casa dos pais para fazer a desintoxicação. Estará uma semana numa clínica e fará o resto do processo em casa. Segundo os médicos ainda vai a tempo, não é um caso de dependência total.
Coral vem comigo para casa dos gémeos, assim não fica sozinha no quarto da residência universitária, que partilha com Êlo, e, assim, eu também tenho companhia.
Coral evita falar sobre Tom fugindo sempre o mais possível a esse tema de conversa. Vai voltar para o namorado dentro de pouco tempo e Tom é apenas uma história para mais recordar. Pela primeira vez uma rapariga tem Tom Kaulitz aos seus pés e recusa-o.
Elô volta para a faculdade a tempo dos exames finais, vem viver comigo também, prefiro tê-la debaixo de olho. E na universidade mantenho-a afastada de Alexander. Mantenho-a a afastada a ela, mas aproximo-me eu.

Vais pagar pelo que fizeste.
Ai se vais…

Um dia na biblioteca da universidade aproximo-me de Alexander. Sento-me discretamente ao seu lado e abordo-o.

- Olá. Tudo bem contigo, Alex? Posso tratar-te assim não posso?

- Olá. – saúda desconfiado – Sim, podes tratar-me assim. Tu és a Chris, não é? Acho que já ouvi chamarem-te assim. Tudo bem, e contigo?

-Sim, sou a Chris. Tudo bem. Quero falar de um assunto contigo. Vem comigo até lá fora para falarmos mais à vontade.

Reticente, ele levanta-se, e segue-me para fora da biblioteca. Vem atrás de mim até à pequena e estreita rua que se encontra ao lado da biblioteca. Uma rua pouco frequentada e mal arranjada.
Paro e volto-me para ele.

- Ouvi dizer que arranjas umas coisas para podermos estudar mais…

- Eu?? Eu não sei de nada disso… - disfarça. Muito mal, por sinal…

- Não me mintas. – aproximo-me dele tocando-lhe levemente com a ponta dos dedos no pescoço. Sinto a sua pele arrepiar.

- Talvez saiba alguma coisa. – responde, agora já mais confiante – Tenho aqui o que tu queres.

Leva a mão ao bolso e retira de lá um pequeno saco idêntico ao que encontrei na mala de Êlo. Abana o saco alegremente em frente aos meus olhos e sorri. Sorrio-lhe de volta. Ergo a mão tentando alcançar o saco que ele afasta de mim.

- Não, não. Isto tem um preço.

Sorrio novamente e aproximo-me mais dele, ficando quase colada a ele.

- Pois, mas para mim, vai ser grátis… - sorrio maliciosamente.
Ele franze o sobrolho e perscruta a minha face. Faço o mesmo com ele. Enquanto com movimentos calmos levo a mão até ao bolso de trás das minhas calças.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

É Segredo... (59º e 60º Capitulos)



59º Capitulo

- Tom? Sai daí por favor.

Ele vira-se para mim, olha-me dois segundos e volta a olhar para a rua.

- A vista daqui de cima é bonita. – desce do muro e vem até mim.

Senta-se no chão e eu acompanho-o. Ele abraça as pernas pelos joelhos e encosta a cabeça neles. Olha o vazio. Abraço-o e pouso a cabeça em cima da sua.

- Tu já sabias, não já? Ela contou-te.

- Contou-me hoje, pouco antes de chegares. Tens de falar melhor com ela, Tom.

- Para quê? Eu amo-a e ela tem namorado. Não pode acontecer, não vai acontecer. Acabou. Foi um sonho bonito. Mas acabou. O amor não presta.

Solta uma lágrima e seguidamente muitas mais. Abraço-o. Ele retribui o abraço agarrando-me com força.

- Tem calma maninho… - conforto-o.

- Porquê? Porquê que na primeira vez que me apaixono por alguém tem de ser assim?

- Tem calma Tom. Tu vais apaixonar-te por outra e vão ser muito felizes. Afinal de contas não dizem que existem sete mulheres para cada homem no Mundo?

Ele sorri. Depois solta uma gargalhada.

- Só tu… Realmente vocês estão muito mal servidas. – ri-se novamente e seca as lágrimas.

- Vamos para baixo, maninho?

Ele assente e juntos entramos nas escadas e descemos os degraus que levam ao nosso andar. Os outros continuam desesperados à sua procura e suspiram de alívio ao vê-lo aparecer comigo.
Bill abraça-o com força. O amor entre eles é bonito de se ver. Amam-se e completam-se. Amor de gémeos. Não vivem um sem o outro.
Mais calmos cada um volta para o seu quarto. Coral fica para trás e aproxima-se de Tom.

- Podemos falar? – pergunta-lhe.

- Não vale a pena. Já foi tudo dito. Desculpa ter-te colocado nesta situação.

Tom vira as costas e entra no quarto. Para ele o assunto tinha acabado ali. Queria esquecê-la. Se é que isso é possível.



60º Capitulo

A manhã seguinte chega com um dia um pouco cinzento. Acordo cedo e arranjo-me sem acordar Bill. Saio do quarto e dirijo-me para o hospital sem tomar pequeno-almoço. Não tenho fome. Quero ir buscar Êlo o mais rápido possível.
Entro no hospital e a enfermeira que falou comigo no dia anterior vem até mim e pede-me que a siga. Vou com ela até ao quarto de Êlo.
Ela encontra-se sentada na cama já com as suas roupas e a carteira pousada na cama ao seu lado. Está pronta para vir embora.
Entro no quarto em silêncio. Nenhuma de nós diz nada. Ela levanta-se e vem ter comigo à porta despedindo-se da enfermeira pelo caminho.

- Tenha juízo menina. – diz-lhe a enfermeira em inglês antes de sair do quarto.

Percorremos o corredor do hospital em silêncio até à saída. Na entrada do hospital dirijo-me para um táxi e ela segue-me. Entramos no carro e sentamo-nos lado a lado. Dou as indicações ao condutor e ele arranca.
Sinto que ela me olha pelo canto do olho.

- Chris, eu…

- Falamos no hotel. – interrompo-a. Aquele não era o local para aquela conversa.

Poucos minutos depois o táxi pára na entrada do hotel. Pago e saio do carro seguida de Êlo e ambas seguimos para dentro, continuando um caminho silencioso até ao elevador e até sair dele.
Ao sair do elevador ela dirige-se para o seu quarto só depois percebendo que não tem o keycard. Olha para mim e eu chego perto da porta e abro-a. Deixo-a entrar e entro também.
Ela senta-se na beira da cama. Eu sigo para perto da janela e olho para fora. No vidro vejo o seu reflexo, ela olha-me.

- Então eram comprimidos para as dores de cabeça? – digo-lhe sem olhar para ela.

- Desculpa…

- Não me peças desculpa. É a tua vida. Se deres cabo dela o problema é teu e dos teus pais que vão ficar tristíssimos ao saber disto.

- Eles não podem saber…

- Eles têm de saber. Tu tens de te tratar. Tens de fazer desintoxicação. A única coisa que quero saber é porquê. Porquê, Êlo?

- Eu queria ter boas notas e ele disse que aquilo me ajudava para eu ter mais força para estudar, para poder estudar mais horas. Depois fui querendo sempre mais mais e mais. Depois…foi o que viste ontem. Eu vou fazer desintoxicação. – diz-me com as lágrimas nos olhos.

- Ele quem?

- O rapaz russo. Alexander Kournikóva. Foi ele que me arranjou aquilo.

Vou até junto dela e dou-lhe um beijo na testa. Ela olha-me tristemente. Dirijo-me para a porta.

- Vou ter com o Bill para arranjar as minhas coisas. Prepara-te que temos de ir embora.

Saio do seu quarto e entro no de Bill. Este já está acordado e arranjado, sentado na beira da cama à minha espera.

- Foste buscar a Êlo?

- Sim. E agora vim despedir-me de ti. O Jost já anda no corredor. Também tenho de me despedir da Caty. Ela fica cá.

Passados alguns minutos Jost vem bater à porta. Chegou a hora das despedidas.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

É Segredo... (57º e 58º Capitulos)


57º Capitulo

(Na varanda do quarto de Coral)

- Trouxe-te uma coisa dos Estados Unidos. – Tom tira uma caixinha muito pequena do bolso.

Abre-a e dentro aparece uma pulseira com vários anjos prateados. A condizer com o colar que lhe havia dado. Coral olha para a pulseira durante uns segundos. Pega na caixa e observa-a com atenção. Solta uma lágrima grossa que lhe corre pela face abaixo.
Tom aproxima-se e limpa a lágrima com a mão.

- Porque choras?

Ela fecha a caixa e ergue o olhar, olhando Tom directamente nos olhos. Por momentos pensa que não tem coragem de lhe dizer a verdade. Mas depois ganha coragem.

- Vamos para dentro. Preciso de falar contigo.

Entram no quarto, Tom depois de Coral. Coral senta-se em cima da cama e Tom senta-se no cadeirão que permanece junto à cama. Coral olha-o durante uns segundos. Tom sorri incentivando-a a falar. Nas mãos dela permanece a pequena caixa da pulseira. Aperta-a com força. Procura forças naquele objecto que tão gentilmente ele lhe ofereceu. Dói-lhe saber que o vai fazer sofrer.
Molha os lábios com a língua. Ele segue os seus movimentos com o olhar.

- Tom… Eu não posso aceitar o teu amor.

- Eu amo-te, Coral. Nunca disse isto a ninguém. És a primeira pessoa que eu amo realmente em toda a minha vida.

- Mas eu não posso aceitar isso Tom…

Outra lágrima corre pela sua face. Seguida a essa muitas mais brotam dos seus olhos. Tom olha-a interrogativamente e visivelmente preocupado.

- Porquê? Porquê Coral? Eu não percebo…

- Tom eu… Eu… - hesita, não tem coragem. Respira fundo. – Eu tenho namorado.

Tom cai para trás no cadeirão. Fica encostado para trás em estado de choque. Ela chora, muito, cada vez mais.
Uma lágrima grossa corre pela face de Tom indo morrer nos seus lábios. Seca a lágrima.

- Fica com a pulseira. É tua. Eu tenho de ir.

Sem deixar que ela responda, levanta-se e corre porta fora, batendo a porta com força atrás de si. Corre pelo corredor.
Coral abre o fecho da camisola. Debaixo da gola fechada encontra-se o colar com o anjo que ele lhe deu. Sem revelar a ninguém ela usa-o.
Olha para a caixa e abre-a. Retira de lá a pulseira e coloca-a no pulso. Fica a contemplá-la uns segundos e passa um dedo pela prata.

- Desculpa Tom… Talvez um dia… - sussurra.


58º Capitulo

Bato na porta do quarto de Caty. Ela tinha ido tratar de uns assuntos e não a tinha voltado a ver. Ela atende e entro. Conto-lhe o sucedido com Êlo. Ela fica chocada.
Despeço-me dela. Ela vai voltar para casa amanhã. Eu e as restantes meninas vamos para a Alemanha novamente e os rapazes de volta para os Estados Unidos.
Saio do quarto dela e parece-me vislumbrar uma ponta da camisola de Tom a virar na esquina do corredor a grande velocidade. Penso estar a imaginar coisas e continuo o meu caminho para o quarto onde Bill me espera ansiosamente.
Entro, conto-lhe o que aconteceu a Êlo.

- O Gustav está muito preocupado. O Saki contou-lhe à pouco no corredor quando chegámos. Ela queria ir para o hospital mas convencemo-lo que é melhor não nos verem lá.

- Sim é melhor. Eu vou buscá-la amanhã de manhã e trago-a para aqui. Ninguém vos vê. É mais seguro. – respondo-lhe.

Ficamos a namorar durante largos minutos até que começam a bater insistentemente na porta. Levanto-me da cama onde estou deitada a ver um filme com Bill e abro a porta. Na soleira está Coral. Lavada em lágrima que me agarra com força no braço ao ver-me.

- Não sei onde está o Tom. – diz-me nervosamente – Eu contei-lhe. E ele desapareceu. Fui agora ao quarto para falar melhor com ele e ele não está lá.

- O que se passa? – pergunta Bill alheio aos acontecimentos.

- Tem calma Coral. – digo para Coral. Acrescento para Bill: - O teu irmão desapareceu. Anda! Temos de o encontrar antes que ele faça algum disparate.

- Estou a ir. – Bill corre para o corredor seguido de nós as duas.

- Encontra o Saki e conta-lhe Coral. Ele que venha ajudar. Eu vou chamar os outros.

Bato nas portas dos quartos onde todos vêm ver o que se passa. Começam a ajudar a procurá-lo. Saki aparece pouco depois com um keycard do quarto de Tom, para se assegurar que ele não se encontra lá trancado.
Realmente, Tom não está lá e continua desaparecido.
Pego no telemóvel e ligo o seu número. Ele não atende nem se ouve nenhum som nas proximidades. Apenas os nossos passos acelerados pelos corredores.
Entro na porta que dá para as escadas. Continuo a tentar telefonar para ele. Fecho aporta das escadas atrás de mim e um som chama-me a atenção.

“I'm holding on a rope
Got me 10 feet off the ground
I'm hearin' what you say
but i just can't make a sound”

Um toque muito longe. Quase inaudível. Olho para o fundo das escadas e não se encontra ninguém lá. Olho para cima.
No topo das escadas existe uma clarabóia. Começo a subir degrau a degrau em direcção a ela. O toque torna-se mais alto.

“You tell me that you need me
then you go and cut me down
But wait
You tell me that you're sorry
Didn't think i'd turn around
and say”

Mais uns passos e é impossível ignorar o toque de um telemóvel junto da clarabóia. É impossível ignorar o toque do telemóvel de Tom.

“That it's too late to apologize
It's too late
I said it's too late to apologize
It's too late”

Subo até ao último andar. Fico frente a frente com uma porta de fogo. Porta essa que dá acesso ao telhado. Abro-a e vejo Tom, com as camisolas a ondular ao sabor do vento. Está em pé na beira do prédio a olhar para a rua que se encontra dezenas de metros abaixo.