quinta-feira, 27 de novembro de 2008

É Segredo... (74º e 75º Capitulos)



74º Capitulo

Ele começa a parecer um pouco preocupado com a minha atitude. Penso que começa a achar que sou louca, louca ao ponto de o matar.
Retiro o canivete da manga e encosto a lâmina fria ao seu pescoço. Sinto-o arrepiar-se com o frio do objecto e com o medo.

- Onde é que ele está??

- Eu…Eu…Eu não sei…Não sou eu que o estou a guardar. Apenas encomendei o serviço. Mais nada.

- Porquê?

- Porquê, o quê?

- Por que é que o mandaste raptar? Rápido! Responde! – pressiono mais a lâmina contra o seu pescoço. Sorriu maliciosamente.

- Precisava que os Tokio Hotel parassem… Com o sucesso deles o meu abranda. Ninguém parece sequer reparar no meu CD. Eu mando que o libertem.

- Acho bem. – retiro o canivete do seu pescoço, mas não sem antes deixar uma pequena marca a escorrer sangue.

Guardo o canivete e sem lhe dizer mais nada saiu do gabinete. Dirijo-me para a saída e esbarro contra Tom no caminho. Ele vem a correr, completamente suado.

- Porque vieste aqui?

- Nada de perguntas. Anda!

Puxo-o pelo braço para fora, mas mesmo assim ele consegue ver Bushido aparecer na porta do gabinete com um lenço com sangue no pescoço. Olha-me, questionando-me sobre o sucedido com o olhar. Não lhe respondo, apenas o puxo para mais longe, acabando por virar a esquina para uma outra rua perpendicular aquela.
Finalmente paramos e largo-o.

- Nada de perguntas! Com quem vieste?

- O Saki está ali ao fundo. – aponta para o fundo da rua – O que aconteceu?

- Nada. Diz ao Saki para chamar a polícia. Foi o Bushido! Ele confessou.

- Mas não temos provas… - argumenta.

Retiro da mala um pequeno gravador e reproduzo a conversa desde o principio. Ele fica a olhar-me fixamente sem saber como reagir. Depois agarra no gravador e corre até ao jipe onde se encontra Saki. Vejo-o falar pelo vidro.
Caminho devagar até ao Cadillac e abro a porta, sentando-me de seguida no banco em frente ao volante. Fecho os olhos e encosto a cabeça para trás e penso em como tive coragem para fazer o que fiz minutos antes. Abano a cabeça, preciso de me manter concentrada. Abro os olhos e vejo que Tom já se encontra ao meu lado, do lado de fora do carro.

- Saki já está a chamar a polícia. – diz-me ofegante.

- Ainda bem…

Olho à volta. Casas e mais casas, muitas casas naquela zona, um único café numa esquina, bastante movimentado por sinal. Olho com mais atenção.

- Anda comigo Tom…

Saio do carro, fecho-o e caminho ao longo da rua com Tom ao meu lado. Paro ao lado do café e olho em volta à procura de algo que reconheça, um simples sinal.
Vejo um pequeno gato que se passeia junto de um postigo poeirento. Aproximo-me, ouço muito barulho atrás de mim.
Volto-me para trás.


75º Capitulo

A polícia acabava de chegar à rua, e iniciava-se agora uma perseguição. Bushido corre à frente de dois polícias. Vira na rua mais à frente. Tom começa a correr também, juntando-se à perseguição. Chamo dois polícias que por ali tinham ficado e indico-lhes aquela cave. Eles dirigem-se para lá e eu corro atrás de Tom.
Corremos atrás de Bushido. Ao fim de alguns minutos de corrida acelerada consigo alcançar Tom. Puxo-o por um braço e indico-lhe outro caminho. Juntos vamos por uma rua paralela e deixamos os polícias correrem atrás do fugitivo.
Colocamo-nos na esquina da rua, e esperamos. Ouvimos os passos acelerados de três pessoas. Fazemos sinal um ao outro e quando o rapper vira para lá eu prego-lhe uma rasteira enquanto Tom lhe cai em cima.
O agora encurralado Bushido pragueja coisas que não entendo e nem quero atender. Os polícias agarram-no e algemam-no. Eu e Tom voltamos para junto da casa. Vemos Bill sair apoiado em dois polícias, a cambalear.
Entretanto já havia chegado ao local um ambulância e os paramédicos que com ela vieram dirigem-se a Bill amparando-o até ela. Eu e Tom sorrimos um para o outro e continuamos o nosso caminho até lá devagar.
Estamos cansados da corrida. Aproximamo-nos da ambulância e abraçamos Bill. Juntamo-nos os três num abraço com muitas lágrimas e palavras ditas em surdina. Depois afastámo-nos e sorrimos. Um sorriso cúmplice de três pessoas que se amam e se entendem sem palavras.
Apoio-me em Tom.

- Que se passa? – pergunta olhando-me.

- Nada. Estou só um pouco cansada. Da corrida.

Ele sorri, está feliz por termos encontrado Bill. Abraça novamente o irmão que também sorri, apesar das dores nos músculos. Bill terá de ser levado para o hospital para fazer exames. Aproximo-me dele e beijo-o na testa, ele sorri-me.
Sinto as pernas fraquejar, volto a apoiar-me em Tom. Seguro-me com força no seu braço, o que faz com que ele me apoie com o outro braço.

- Tu estás bem? Estás branca.

- Não me estou a sentir muito bem. Sinto-me fraca.

Começo a ver tudo à minha volta a andar à roda, os rostos de Bill e Tom ficam indefenidos. As pernas perdem a força. Fica tudo escuro.

Abro os olhos. Olho à minha volta, estou deitada numa cama de hospital. Mantenho as minhas roupas, estou apenas deitada sobre a roupa da cama.

Não foi nada grave.

Não se encontra ninguém no quarto. Levanto-me e saiu para o corredor. Dou de caras com Tom que caminha pelo corredor com um café na mão, indo na direcção do quarto que eu estava.

- Chris!

- Tom. O que aconteceu?

- Tiveste uma quebra de tensão. Não te alimentaste bem nos últimos dias e depois com aquela corrida, o teu sistema não aguentou. Desmaiaste.

- Ah. Mas agora já estou bem. E cheia de fome!

Ambos rimos e ele dirige-se para a cafeteira comigo, onde compro uma sande para comer. Dirijo-me depois com ele para o quarto de Bill.
Este está deitado na cama a olhar para a porta. Quando nos vê entrar esboça um enorme sorriso. Aproximamo-nos dele e cumprimentámo-lo.

- Pensei que me tinham abandonado. – sorri – Estás melhor amor?

- Sim, Bill. Estou óptima.

- Chris. Nós queremos perguntar-te uma coisa. – diz Tom, olhando-me seriamente.

- Digam.

- Como é que tu sabias onde eu estava? – termina Bill, observando-me agora com uma expressão mais séria.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

É Segredo... (72º e 73º Capitulos)



72º Capitulo

Uma hora depois Saki sai da sala, vem a transpirar, visivelmente cansado, exausto. Senta-se também ele no chão ao nosso lado.

- Ele não diz para quem trabalha. Vai ser difícil. A polícia vai organizar uma busca. Mas é complicado. Ele pode estar em qualquer sítio. Pode até já ter saído da cidade.

Tom cerra os punhos e embate com eles na tijoleira fria do chão do aeroporto. As suas mãos ficam vermelhas mas ele parece não se importar. Barafusta em alemão quase de modo inaudível. Saki observa-o e fala-lhe em alemão, dando-lhe pequenas palmadas no ombro.
Acabamos por ir todos para casa e deixamos a polícia encarregue do caso. Saki deixa-nos nas traseiras do prédio e segue para o estúdio para ir falar com Jost.
Subimos as escadas e entramos em casa, pouso a mala em cima da mesa e sento-me no sofá. Acabo por me aninhar nele agarrada a uma almofada.

- Tu tens de te deitar para descansares. Anda. – diz Tom a Coral levando-a para o quarto.

Enquanto vão fico deitada a olhar o vazio. A preocupação toma conta da minha mente e do meu espírito. O cansaço toma conta do meu corpo. Acabo por adormecer.

Uma ampla cave, os mesmos móveis que havia visto dias antes.
O lavatório, a mesa, a cama, o cobertor, tudo igual. Tudo do mesmo jeito. Tudo abandonado. Ausência de calor e de vida.
Com dificuldade caminho junto das paredes observando tudo à minha volta. Tudo conhecido, mas desconhecido ao mesmo tempo. Sento-me na cama.
Ouço o motor de um carro. A custo levanto-me e caminho até um pequeno postigo poeirento. Com a mão afasto o pó e olho para fora.
Vejo uma rua estreita, em paralelos, não passam carros, não existe movimento. Um pequeno gato aproxima do vidro e segue a minha mão com as suas pequenas patas.

- Ajuda-me. – a minha voz sussurra, inaudível.

Não sei onde estou.

- Chris, acorda.

Abro os olhos lentamente, vejo Tom ajoelhado na minha frente. Passa a mão pelos meus cabelos e sorri.

- Estavas a ter um sono agitado.

Não lhe respondo, não me apetece falar. Levanto-me e dirijo-me para a varanda. Ainda o ouço dizer, distante, que vai fazer companhia a Coral e tomar um banho.
Também preciso dum banho, mas é de um que me lave a alma que está escurecida como a noite. Sento-me numa cadeira na varanda e observo o céu e as estrelas que brilham alheias a todo o sofrimento que se passa cá em baixo.
Cerca de uma hora depois Tom vem chamar-me para que me vá deitar pois já é tarde e temos de descansar para ter forças. Obedeço-lhe e vou para o meu quarto, meu e de Bill. Arranjo-me e deito-me naquela cama que costumamos partilhar os dois, abraçados, apaixonados. Hoje está vazia.

Onde estás? Diz-me…

Contemplo a escuridão que envolve o quarto até que mais uma vez me deixo sucumbir ao cansaço e acabo por adormecer.

- Ajuda-me…


Observo mais um pouco a estrada, na esquina da rua existe o que parece ser uma padaria ou um café. Existe sempre gente a sair e entrar apressadamente. Mas ninguém repara na curiosidade do gato por aquela pequena janela.
Não vale a pena tentar. É impossível alguém reparar numa presença aqui.

Acordo com os primeiros raios de sol que entram pela janela. Levanto-me e sem fazer barulho saiu do quarto indo novamente para a varanda. Ajuda-me a pensar. E neste momento preciso de o fazer.
Lembro-me do homem no aeroporto, do seu sorriso cínico perante a nossa aflição. Conheço aquela cara mas não me lembro de onde. Preciso de pensar.
Apesar de ser cedo já anda gente na rua, apressada para o seu trabalho. Alguns metros afastados da casa uns trabalhadores tentam a todo o custo que um grande cartaz de promoção de um concerto fique bem colocado.
Observo o seu esforço.

Não pode ser…


73º Capitulo

*Flashback*

- Quem é aquele? – pergunto a Bill depois do homem se ter afastado.

- Aquele é o Bushido. É um rapper alemão, bastante conhecido aqui. – responde-me Andreas, Bill assente – Eu acho que ele tem inveja da fama dos Tokio Hotel. Veio aqui cumprimentar só para fazer boa figura.

- Não digas isso, Andreas. – reprova-o Bill.

*End of flashback*

Sem pensar em mais nada saiu da varanda a correr em direcção ao quarto de Tom. Abro a porta sem bater mas este já se encontra acordado e arranjado. Agarro-o por um braço e puxo-o comigo para a varanda. Ele não reclama mas olha-me como se estivesse a pensar que estou doida.
Na varanda aponto para o cartaz.

- É o Bushido. O que tem??

- Ele estava no aeroporto Tom. Ele ria-se enquanto nos via naquela aflição. Estava escondido no meio da multidão e fugiu quando notou que eu reparei nele.

Tom olha perplexo para mim e para o cartaz. Abre e fecha a boca. Não emite palavras nem sons. O choque é maior do que a sua capacidade de reciocinio.

- Foi ele Tom…

Saiu da varanda e vou para o quarto onde me arranjo apressadamente. Passo pela cómoda e da gaveta retiro o canivete que escondo debaixo da roupa. Meto-o dentro da carteira e saiu, passando pela sala silenciosamente para que Tom que continua na varanda não me ouça.
Pelo caminho roubei a chave do Cadillac e saiu com ele sem que Tom repare. Conduzo até ao posto da polícia, onde muito inocentemente pergunto indicações para chegar ao estúdio ou à produtora do Bushido. Todos muito simpáticos ajudam-me prontamente e fornecem-me as indicações.
Continuo o meu caminho até chegar à produtora, passo pelos seguranças sem que eles sequer reparem em mim, provavelmente pensando que sou uma nova funcionária.
Procuro o gabinete de Bushido sem dar nas vistas. Não é difícil encontrá-lo, tem o seu nome escrito na porta dentro de uma grande estrela, tipo camarim de teatro.
Abro a porta sem bater e entro devagar. O seu olhar perscruta-me sem proferir nenhuma palavra. Está sentado numa grande cadeira atrás da secretaria que ocupa quase todo o gabinete. Caminho também em silêncio até à mesa e sento-me na cadeira em frente a Bushido.

- Reconheces-me?

- Não creio… - responde-me com um sorriso cínico – devia?

- Penso que sim…Visto que raptaste o meu namorado.

Ele sorri ainda mais e observa-me atentamente. Levanta-se e prepara-se para vir na minha direcção. Caminha devagar.

- Se fosse a ti deixava-me estar sentado. Eu não sou de confiança…

O seu sorriso apagasse e como que pensando melhor na atitude a tomar, volta para trás sentando-se novamente. Une as pontas dos dedos de ambas as mãos e assenta o queixo nelas.

- Eu não te conheço. E não sei quem é o teu namorado. Não percebo o que fazes aqui.

- Não te faças de desentendido, porque eu sei que foste tu. E não tenho paciência para estas brincadeiras.

Devagar meto a mão dentro da minha bolsa e retiro o canivete. Pouso a mala na cadeira e levanto-me. O canivete vai escondido dentro da manga da camisola. E caminho até junto da cadeira dele. Paro ao seu lado. Baixo-me até os meus lábios ficarem junto da sua orelha.

- Não me faças perder tempo… O tempo é precioso, sabias? E para ti, pode já ser pouco. A morte está a caminho para te buscar…

- O que estás a dizer rapariga? Tu és doida?

- Talvez sim, talvez não…

terça-feira, 11 de novembro de 2008

É Segredo... (70º e 71º Capitulos)


70º Capitulo

Ela olha para mim e só depois responde.

- Quando fomos a Portugal eu disse-lhe que ia, mas apenas disse que ia com umas amigas. Parece que ele decidiu fazer-me uma surpresa e foi também para Portugal. Eu tinha-lhe dito qual era o hotel onde ficaríamos, então ele foi lá, mas quando estava a chegar ao hotel viu-me na varanda com o Tom. – faz uma pausa e olha para Tom – Ele viu quando te aproximaste de mim para me tirar aquele cisco da cara e pensou que nos estávamos a beijar. Eu já tinha notado que ele estava diferente comigo ao telefone, mas não sabia o motivo.

Todos ficam a olhá-la. Tinha sido espancada por causa de um mal entendido, tinha sido tomada por traidora e infiel, quando na verdade não tinha feito nada. Tom agarra a mão de Coral e o seu pai olha-o desconfiado.

- Desculpa teres passado por isto por minha causa. – diz-lhe Tom baixinho.

- Não faz mal. Desculpa eu por te ter metido nesta confusão. Mas foste a primeira pessoa de quem me lembrei quando tive uma oportunidade para pegar no telemóvel. Eras a minha única esperança. E salvaste-me. – ela abraça-o deixando escorregar uma lágrima.

Ele retribui o abraço mas apertando-a muito levemente, como se ela fosse uma boneca de porcelana ou de cristal que se pudesse partir a qualquer momento, com medo de a magoar.

- Vocês ficam aqui esta noite. – diz a mãe dela – O senhor também. – dirige-se agora a Saki – não vão voltar para a Alemanha a esta hora. Amanhã de manhã depois de um bom sono vocês voltam para vossa casa.

- Mãe? – Coral interrompe-a.

- Sim filha. Diz.

- Eu vou com eles.

- O quê?? – aquela frase apanhara ambos os pais de surpresa.

- Eu vou com eles. Quero afastar-me daqui. Do Pierre. Tudo aqui me faz lembrar dele e eles… -aponta para nós – …são uma família para mim. Vocês não se importam que vá, pois não? – pergunta-nos.

- Claro que não. Até temos um quarto vazio lá em casa e tudo. – diz-lhe Bill.

A mãe acaba por concordar, por sua vez o pai continua um pouco relutante em deixar a sua filha ir para longe de si novamente. Ainda agora ela havia chegado e já estava de partida novamente.

A noite passa rapidamente, durmo no quarto de Coral, Saki no quarto de hóspedes e os gémeos no sofá cama da sala. Na manhã seguinte preparamos tudo e carregamos as malas para o carro. Coral despede-se dos pais. Muitas saudades e muitas lágrimas nos rostos daquela família que se iria separar mais uma vez.
Em pouco mais de três horas estamos a aterrar na Alemanha novamente. Saki caminha na frente para prevenir possíveis reconhecimentos dos gémeos. Coral caminha do meu lado direito com o seu braço entrelaçado no meu, enquanto Tom a apoia no lado contrário. Bill caminha do meu lado esquerdo. Vamos conversando baixo de modo a não chamar a atenção das muitas pessoas que ali se encontram nesta manhã.
Saki olha atentamente para todos os lados, para verificar se alguém nos reconhece. Ninguém nos parece prestar atenção.

- Agora vais ter sempre companhia quando eles estiverem fora. – diz-me Coral com um sorriso.

- Pois. É verdade. Já não vou ficar sozinha em casa durante dias. Estás contente Bill? Agora já não precisas de ficar preocupado por eu estar sozinha.

Ninguém me responde.

- Bill? Não dizes nada?

Olho para o meu lado. Bill não se encontra lá. Paro fazendo Coral e Tom pararem também. Olho para todos os lados e não vejo Bill em lado nenhum.

- Bill??? Não brinques. Onde estás. – digo num tom alto mas sem chamar demasiadas atenções.

- Onde está o meu irmão Chris?

- Eu não sei Tom…



71º Capitulo

Tom começa a olhar para todos os lados também. O meu coração quer saltar do meu peito, tal é a minha aflição. Agarro o peito, pois sinto uma dor aguda. Do nada Tom passa por mim a correr a grande velocidade. Saki havia-se juntado a nós também procurando vislumbrar Bill no meio da multidão, mas de repente começa também ele a correr na mesma direcção que Tom.
Com o olhar acompanho a sua trajectória. Vejo Bill junto da porta a sair do aeroporto, ao seu lado caminham dois homens vestidos de preto.

- BILL!!!!!!!

O meu grito ecoa no meio do aeroporto o que faz os homens olharem para trás e me permite ver que um deles aponta uma arma às costas de Bill. Mas permite-lhes a eles vereficarem que Tom e Saki correm na sua direcção.
Agarram Bill cada um por um braço e começam a correr empurrando-o para fora do aeroporto. Tom e Saki continuam no encalço dos homens mas sem êxito. Os homens conseguem enfiar Bill na porta traseira da carrinha e preparam-se para fugir. Em desespero Tom atira-se para cima de um dos homens, acabando por o apanhar pelo casaco e envolvem-se numa luta. Sem se importar com o companheiro o outro individuo entra para o lugar do condutor e arranca a grande velocidade.
Saki aproxima-se de Tom e, dando um pontapé na cabeça do homem, deixa-o inconsciente. Neste momento já estou perto deles, pois também eu comecei a correr. Coral aproxima-se de nós devagar, pois não pode correr.
Os seguranças do aeroporto vêm também para ver o que se passa e Saki explica-lhes. Um grande grupo de pessoas encontra-se à nossa volta, todas nos olham com olhares chocados e de surpresa. No meio da multidão um homem sorri.

- Estás bem, Chris? – pergunta-me Coral, tocando-me no braço.

- Sim, Coral. – olho momentaneamente para ela e volto a olhar para o homem que me chamara a atenção.

Ele já não se encontra lá. Corro um pouco até ao local onde ele se encontrava, mas não o vejo. As pessoas afastam-se para me deixar passar. Cochicham entre si. Observam a cena sem perceberem o que se está a passar.
Os seguranças do aeroporto, juntamente com Saki, levam o homem para uma sala do aeroporto onde o vão interrogar e chamam a polícia. Apenas eles entram na sala, eu, Tom e Coral temos de esperar no corredor. Tom ajuda Coral a sentar-se no chão e depois vem ter comigo que me encontro já sentada no chão com a cabeça entre os joelhos. Ele senta-se ao meu lado colocando a sua cabeça sobre a minha.

- Ele vai aparecer mana. Vais ver. Não te preocupas.

Ergo um pouco a cabeça, ele olha-me e beija-me na testa. Tenta parecer forte quando na verdade está tão preocupado quanto eu. Sinto-me morrer por dentro. Volto a colocar a cabeça entre os joelhos e ele pousa a sua sobre a minha.

Por que é que tinha de acontecer isto?
Porquê?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

É Segredo... (68º e 69º Capitulos)


68º Capitulo

Pouco mais de uma hora depois já nos encontramos dentro do avião. Saki com os seus contactos conseguiu isso. A viagem é curta. E Bill aproveita para me perguntar o que planeio fazer quando lá chegar.

- Primeiro vamos a casa dela pedir a morada do namorado. E depois…bem…depois logo se vê…

Ele revira os olhos. E olha para Tom que parece completamente alheio à nossa conversa. Estão sentados um de cada lado de mim. Tom ficara no lugar junto da janela e observa as nuvens sem pestanejar.
Aperto a sua mão e ele volta o olhar para mim dando-me um ligeiro sorriso. Está preocupado, consigo vê-lo na sua cara.
Alguns minutos depois o avião aterra na Bélgica e Saki trata logo de alugar um carro para nos deslocar-mos. Temos um mapa com a localização da casa de Coral e seguimo-lo.
Quando tocamos na campainha a mãe de Coral vem atender-nos de avental colocado. A senhora esta a fazer o jantar e esperava a chegada da sua filha para o mesmo. Sem entrar em pormenores peço-lhe a morada de casa do namorado. Pierre. Ela dá-nos a morada prontamente e volta para o seu jantar, enquanto nós nos reunimos dentro do carro para localizar a casa no mapa.
Cerce de meia hora depois encontramos o bairro. Dividimo-nos para procurar a casa. Bill e Tom por um lado e eu e Saki por outro. O bairro é todo ele constituído por casas luxuosas mas térreas, sendo possível adivinhar que todas elas possuem uma cave. Todas têm um pequeno portão na frente e um gradeamento coberto por extensas heras.
Vou olhando cuidadosamente cada número ao lado do portão. Alguns deles já cobertos pelas heras. Mas encontro-o. Chamo Saki que se aproxima de mim e pega no telemóvel chamando Bill e Tom. Seguidamente vai buscar o carro e estaciona-o a alguns metros dali de modo a não dar nas vistas.
Combinamos que eles ficam no carro enquanto que eu sozinha toco na campainha e abordo o dito Pierre. Se ele pensar que sou uma rapariga só será mais fácil conquistar-lhe a confiança.
Toco na campainha e fico à espera no alpendre. É preciso entrar o portão para tocar na campainha, esta encontra-se junto à porta da casa e não no portão. Passados alguns minutos a porta range abrindo-se devagar.
Um rapaz pouco mais alto que eu aparece pela fresta da porta e observa de alto a baixo. Olha depois em volta e só então fala:

- Quem és tu? O que queres?

- Venho à procura da Coral. A mãe dela disse-me que a podia encontrar aqui.

- Ela não está aqui. Mas quem és tu?

- Sou uma amiga dela. Conhecemo-nos quando nos juntamos num projecto do nosso bairro. – faço um olhar inocente.

- Que projecto? Ela nunca me falou em projecto nenhum! – pergunta desconfiado.

- É normal. – desvalorizo – O projecto ainda está em fase embrionária. É o projecto “Não seja vítima do seu companheiro”. Serve para ajudar raparigas e mulheres a aprenderem a defender-se dos seus namorados ou maridos que as maltratam.

Ele engole em seco. Volta a olhar para as ruas à volta da casa. Eu continuo despreocupadamente e rindo-me por dentro perante a sua aflição.

- É que finalmente consegui arranjar um professor de defesa pessoal. E ele está comigo para o apresentar à Coral. Ele foi ali estacionar o carro. – faço um sinal a Saki e este sai do carro dirigindo-se a nós.

Pierre parece cada vez mais incomodado com a conversa e ao ver o porte de Saki esconde-se mais atrás da porta.

- Mas ela não está aqui. Tenho de ir.

Tenta fechar a porta mas eu impeço-o metendo um pé na porta. Saki chegara finalmente à nossa beira e os gémeos saiam do carro. Tom aproxima-se também. Pierre olha-nos assustado. Bill por sua vez entra pelo jardim da casa e contorna-a indo encontrar uma janela rente ao chão, a janela da cave.
Bill ajoelha-se na relva e espreita para dentro. Vê Coral deitada no chão.

- Ela está lá dentro. Está na cave, não se move. – grita Bill surgindo também no alpendre.

Sem pensar duas vezes Tom afasta Pierre com um empurrão e entra pela casa a correr. Vai direito à cave em busca de Coral. Saki prende Pierre que barafusta que aquilo é invasão de propriedade. Eu corro atrás de Tom e encontro-o já ajoelhado ao lado inanimado de Coral.

- Como está ela? – pergunto-lhe da soleira da porta da cave.

Ele pega-lhe no pulso para sentir a pulsação e olha-me.



69º Capitulo

- Ela está só desmaiada.

Tom pega nela nos seus braços e sai da cave. Afasto-me para o deixar passar. Ele passa pela sala onde estão os outros e pousa Coral no sofá grande. Ajoelha-se junto dela. Passa-lhe a mão carinhosamente pela cara o que faz com que o roçar da sua manga desloque um pouco a gola da blusa de Coral. Ele pode finalmente ver que ela usa o colar que ele lhe ofereceu.

- Ele não te guardou. – sussura junto do ouvido dela – Mas eu vou guardar-te.

De súbito levanta-se do chão e sem que Saki tenha tempo para reagir caminha velozmente em direcção de Pierre dando-lhe um murro que o faz cair para trás, desamparado no chão.

- Vocês vão pagar por isto. – ameaça Pierre ainda caído e limpando o sangue do corte que fizera o murro de Tom – Nunca pensei que ela me trocasse por um tipo assim. Com rastas…com esse aspecto…Porco…

Tom agarra-o pelos colarinhos levantando-o do chão. Saki não se intromete, apenas observa a cena de perto.

- Ela não te trocou por mim. Ela não quis nada comigo por tua causa. Quis voltar para ti. Nunca me deixou amá-la como ela merece. – o olhar de Tom transparece raiva.

- Tom? – uma voz sussurra dentro da sala.

De imediato Tom larga Pierre fazendo com que este caia novamente no chão. Coral acordara e ajeita-se lentamente no sofá.

- Não fales. Estou aqui. Está tudo bem, ele não te volta a fazer mal. – ele ajoelha-se novamente ao lado dela e aperta-lhe uma mão enquanto que com a outra lhe afaga o cabelo.

Ela olha à volta e vê-nos, olha depois para o local onde Saki agarra novamente Pierre mantendo-o de pé.

- Como foste capaz? – pergunta em surdina, começando de seguida a chorar, o que faz com que Tom a envolva nos seus braços.

Poucos segundos depois a polícia entra dentro de casa e agarra Pierre. Dizem que Coral terá de ir prestar declarações na esquadra, mas concordam em que ela seja vista primeiro por um médico.
Passadas duas horas estamos todos sentados na sala de espera da esquadra, Coral foi vista no hospital e está agora a prestar declarações. Saki irá prestar a seguir e depois Tom que foi quem atendeu o telefonema dela e seguidamente eu e Bill que também estávamos presentes quando ela foi encontrada. Todos concordámos em dizer que o murro desferido por Tom a Pierre foi em legítima defesa, pois este preparava-se para o atacar. É a palavra de cinco pessoas contra a de uma, contra a palavra de um cobarde que acaba de espancar a namorada.
Passamos mais duas horas a prestar declarações. A polícia é sempre demorada nestas coisas, e eu nem percebo porquê, afinal amanhã está solto novamente apenas com “termo de identidade e residência”. É frustrante.
Seguimos depois para casa de Coral, os seus pais ao verem-na entrar em casa naquele estado ficam preocupadíssimos. Explicámos-lhes o sucedido e eles ficam indignados com a atitude de Pierre. Pelo que percebi eles gostavam muito dele.

- Mas afinal por que é que ele te fez isso? – pergunta o pai dela, faz a pergunta que todos queríamos fazer.