74º Capitulo
Ele começa a parecer um pouco preocupado com a minha atitude. Penso que começa a achar que sou louca, louca ao ponto de o matar.
Retiro o canivete da manga e encosto a lâmina fria ao seu pescoço. Sinto-o arrepiar-se com o frio do objecto e com o medo.
- Onde é que ele está??
- Eu…Eu…Eu não sei…Não sou eu que o estou a guardar. Apenas encomendei o serviço. Mais nada.
- Porquê?
- Porquê, o quê?
- Por que é que o mandaste raptar? Rápido! Responde! – pressiono mais a lâmina contra o seu pescoço. Sorriu maliciosamente.
- Precisava que os Tokio Hotel parassem… Com o sucesso deles o meu abranda. Ninguém parece sequer reparar no meu CD. Eu mando que o libertem.
- Acho bem. – retiro o canivete do seu pescoço, mas não sem antes deixar uma pequena marca a escorrer sangue.
Guardo o canivete e sem lhe dizer mais nada saiu do gabinete. Dirijo-me para a saída e esbarro contra Tom no caminho. Ele vem a correr, completamente suado.
- Porque vieste aqui?
- Nada de perguntas. Anda!
Puxo-o pelo braço para fora, mas mesmo assim ele consegue ver Bushido aparecer na porta do gabinete com um lenço com sangue no pescoço. Olha-me, questionando-me sobre o sucedido com o olhar. Não lhe respondo, apenas o puxo para mais longe, acabando por virar a esquina para uma outra rua perpendicular aquela.
Finalmente paramos e largo-o.
- Nada de perguntas! Com quem vieste?
- O Saki está ali ao fundo. – aponta para o fundo da rua – O que aconteceu?
- Nada. Diz ao Saki para chamar a polícia. Foi o Bushido! Ele confessou.
- Mas não temos provas… - argumenta.
Retiro da mala um pequeno gravador e reproduzo a conversa desde o principio. Ele fica a olhar-me fixamente sem saber como reagir. Depois agarra no gravador e corre até ao jipe onde se encontra Saki. Vejo-o falar pelo vidro.
Caminho devagar até ao Cadillac e abro a porta, sentando-me de seguida no banco em frente ao volante. Fecho os olhos e encosto a cabeça para trás e penso em como tive coragem para fazer o que fiz minutos antes. Abano a cabeça, preciso de me manter concentrada. Abro os olhos e vejo que Tom já se encontra ao meu lado, do lado de fora do carro.
- Saki já está a chamar a polícia. – diz-me ofegante.
- Ainda bem…
Olho à volta. Casas e mais casas, muitas casas naquela zona, um único café numa esquina, bastante movimentado por sinal. Olho com mais atenção.
- Anda comigo Tom…
Saio do carro, fecho-o e caminho ao longo da rua com Tom ao meu lado. Paro ao lado do café e olho em volta à procura de algo que reconheça, um simples sinal.
Vejo um pequeno gato que se passeia junto de um postigo poeirento. Aproximo-me, ouço muito barulho atrás de mim.
Volto-me para trás.
75º Capitulo
A polícia acabava de chegar à rua, e iniciava-se agora uma perseguição. Bushido corre à frente de dois polícias. Vira na rua mais à frente. Tom começa a correr também, juntando-se à perseguição. Chamo dois polícias que por ali tinham ficado e indico-lhes aquela cave. Eles dirigem-se para lá e eu corro atrás de Tom.
Corremos atrás de Bushido. Ao fim de alguns minutos de corrida acelerada consigo alcançar Tom. Puxo-o por um braço e indico-lhe outro caminho. Juntos vamos por uma rua paralela e deixamos os polícias correrem atrás do fugitivo.
Colocamo-nos na esquina da rua, e esperamos. Ouvimos os passos acelerados de três pessoas. Fazemos sinal um ao outro e quando o rapper vira para lá eu prego-lhe uma rasteira enquanto Tom lhe cai em cima.
O agora encurralado Bushido pragueja coisas que não entendo e nem quero atender. Os polícias agarram-no e algemam-no. Eu e Tom voltamos para junto da casa. Vemos Bill sair apoiado em dois polícias, a cambalear.
Entretanto já havia chegado ao local um ambulância e os paramédicos que com ela vieram dirigem-se a Bill amparando-o até ela. Eu e Tom sorrimos um para o outro e continuamos o nosso caminho até lá devagar.
Estamos cansados da corrida. Aproximamo-nos da ambulância e abraçamos Bill. Juntamo-nos os três num abraço com muitas lágrimas e palavras ditas em surdina. Depois afastámo-nos e sorrimos. Um sorriso cúmplice de três pessoas que se amam e se entendem sem palavras.
Apoio-me em Tom.
- Que se passa? – pergunta olhando-me.
- Nada. Estou só um pouco cansada. Da corrida.
Ele sorri, está feliz por termos encontrado Bill. Abraça novamente o irmão que também sorri, apesar das dores nos músculos. Bill terá de ser levado para o hospital para fazer exames. Aproximo-me dele e beijo-o na testa, ele sorri-me.
Sinto as pernas fraquejar, volto a apoiar-me em Tom. Seguro-me com força no seu braço, o que faz com que ele me apoie com o outro braço.
- Tu estás bem? Estás branca.
- Não me estou a sentir muito bem. Sinto-me fraca.
Começo a ver tudo à minha volta a andar à roda, os rostos de Bill e Tom ficam indefenidos. As pernas perdem a força. Fica tudo escuro.
Abro os olhos. Olho à minha volta, estou deitada numa cama de hospital. Mantenho as minhas roupas, estou apenas deitada sobre a roupa da cama.
Não foi nada grave.
Não se encontra ninguém no quarto. Levanto-me e saiu para o corredor. Dou de caras com Tom que caminha pelo corredor com um café na mão, indo na direcção do quarto que eu estava.
- Chris!
- Tom. O que aconteceu?
- Tiveste uma quebra de tensão. Não te alimentaste bem nos últimos dias e depois com aquela corrida, o teu sistema não aguentou. Desmaiaste.
- Ah. Mas agora já estou bem. E cheia de fome!
Ambos rimos e ele dirige-se para a cafeteira comigo, onde compro uma sande para comer. Dirijo-me depois com ele para o quarto de Bill.
Este está deitado na cama a olhar para a porta. Quando nos vê entrar esboça um enorme sorriso. Aproximamo-nos dele e cumprimentámo-lo.
- Pensei que me tinham abandonado. – sorri – Estás melhor amor?
- Sim, Bill. Estou óptima.
- Chris. Nós queremos perguntar-te uma coisa. – diz Tom, olhando-me seriamente.
- Digam.
- Como é que tu sabias onde eu estava? – termina Bill, observando-me agora com uma expressão mais séria.